sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Bairro Alto

Doido é doido no Brasil ou na China. E em Portugal também.
Outro nome não poderia usar para descrever o que fiz e onde fiz. O chamado Bairro Alto é o bairro boêmio de Lisboa, onde há muitas festas e gente de todo lugar. Até aí tudo bem, mais um lugar para conhecer... e é bem perto de outros lugares que já conhecia (baixa-chiado, p. ex.), mas o fato é que dei uma de doido.

Primeiro porque fui sozinho, ou melhor, quase sozinho, pois fiz questão de comprar um vinho barato antes de ir. Segundo porque o lugar é meio sombrio, com ruas estreitas, quase labirínticas, e que transmite uma certa morbidez unida às baladas.
Para os amigos de João Pessoa, poderia descrever assim: pegue a Rua da Areia, diminua a largura e acrescente várias ladeiras (tipo pelourinho), depois coloque pixações nas paredes, muitos estrangeiros falando várias líguas (geralmente inglês) andando empacotados pelo frio, chopp barato, cheiro de mijo, prostitutas, bares pequeninos tocando de tudo (até música brasileira) e muitas drogas. Bata tudo isso no liquidificador acrescentando uma pitada de beleza histórica das janelas das casas empilhadas. Eis o Bairro alto.

Encontrei um cara de Sampa, Rodrigo, que me ajudou a conhecer o lugar e dar uns toques sobre os perigos e sobre as tranquilidades. Ele me pareceu um desses pitboy que só falava em mulher, luta livre, etc. Mas o fato é que me ajudou.

Um certo medo me abateu, logo que acabei o Vinho, tratei de ir-me à Estação de Baixa-chiado e voltar para casa. Descendo as ladeiras de volta, fiquei a procurar na mente recordações de lugares que parecessem com aquilo (o máximo que consegui já descrevi acima). Não encontrei. Talvez em algum filme.

Porque os medos são a negação da coragem, e - dialético que sou - quero chegar na negação da negação, voltarei.

4 comentários:

Zanine Tomé disse...

Muito bom o texto Hugo!
Acho que aqui na Europa quase todas as cidades maiores são assim. Essas ruas tortuosas, estreitas - some-se isso ao clima, o turista e seu onipresente inglês, os cigarros, os casarões que parecem vazios (mas que não estão)...
As vezes parecem lugares feitos só para a noite, e não pro dia.

Hugo Belarmino de Morais disse...

Perfeita descrição. Lugares feitos para a noite. Acho que é isso mesmo.

Pablo Honorato Nascimento - Divisão de Cultura Popular/FUNJOPE disse...

Particularmente não conheço cabarés (ainda não cheguei a esse ponto!!) para fazer associações concretas e poder visualizar esse "night place made in Europa".
Mas gostei geral do texto, Huguito. Agora nos próximos, pode fazer o favor de abster-se de falar de cheiro de mijo?...

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkk (para o comentario de Pablo), mas que lu8gar massa! Eu imaginei realmente o nosso centro histprico. =DD

Mas nao cometa tantas loucuras, esperamos que voce volte e VIVO!