sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A noite

Despido de qualquer asneira febril, decidiu encarar as sombras e buscar em algum fétido boteco a sua razão. Acabou por buscar em vários outros lugares, choupanas, casas de barbear, ourivesarias, delicatessen... Em vão.
Pouco a pouco, as sombras o consumiam como se cada ponto preto fosse, para além da cor, o nada. Antes mesmo de pensar em qualquer atentado, pensou em arranjar algum motivo plausível para definir a noite a seu modo, sombrio, calado, mau-cheiroso. Em vão.
Mormente em dias de sombras, em que as águas que descem são chuva, suor ou lágrimas - mais do que matéria -, a busca inteligível por si mesmo pode ser mais simples do que parece.
Depois de tanto procurar, ele, complexamente, se encontrou consigo no sorriso da primeira foto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que bonito, Hugo. Exercita mais e mais e mais!