sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sobre processos e anéis

Estava ele, quase que inocentemente, no andarilhar das salas de recepção em um Fórum ou Tribunal qualquer, a levar processos mil de um lugar a outro. Não buscava raciocinar sobre aquilo, afinal o amontoado de vidas sendo decididas pelas canetas dos magistrados não parecia tão instigante naquele momento. Era mecânico: levanta, digita, etiqueta, despacha...
O curioso é que para aquele aspirante-a-jurista-metido-a-revolucionário, não fazia tanto sentido mecanizar aqueles serviços, não fazia sentido tantos protocolos, burocracias, informatizações, hierarquias... parecia que aquilo não era mais do que uma sala a mostrar onde o Direito - na sua forma emancipatória - não estava.
Subrepticiamente, entre o filosofar do estagiário-descrente e o carregar mecânico dos papéis, eis que um anel se quebra. Não era qualquer anel. Era um anel de tucum.
Ficou tão abismado com aquela situação que resolveu contar aos amigos de faculdade, de movimento. Todos falaram em única voz sobre o simbolismo daquele caso.
Naquele dia, em que os processos ganharam vida e mostraram o abismo entre a vida cotidiana dos movimentos e a realidade jurisdicional, ele teve ainda mais certeza que o direito ao qual (ainda) acreditava é feito de luta, gritos, palavras de ordem, suor e lágrimas - num embate cotidiano entre o peso do Exmo-Sr-Dr-Juiz e a singeleza de um anel preto.
Já está com outro anel e saiu do estágio.

De volta ao Bairro Alto

Pois bem, minha semana está um tanto quanto normal. O sol apareceu simbolicamente, a primavera se aproxima. Aulas interessantes, novas pessoas conhecidas. Tudo que se espera dessa fase inicial da viagem. Mas o assunto é o Bairro Alto.
Para aqueles que têm lido o blog, estivesse nesse lugar boêmio da cidade na semana passada. Foi amedrontador. Fui sozinho, muito cedo e acabei também voltando cedo.
Ontem junto com John, o americano do quarto ao lado, e o pessoal do programa que ele faz parte, fomos novamente ao Bairro Alto. Acredito que o medo e o constrangimento do primeiro dia passou. Por vários motivos: não estava sozinho, fui mais tarde (mais ou menos à meia-noite que o movimento começa), os bares e ruelas estavam bem lotadas e conhecemos um outro "gajo" que nos levou até Santos, o bairro ao lado que também é bem movimentado. Diria eu que a negação da negação do medo no processo de conhecimento do Bairro, aconteceu tranquilamente ontem.
Acho que o Inglês onipresente do qual me falava um amigo somente é perceptível para aqueles que estão aqui. Sem querer, me vejo falando quase (bem quase mesmo) que fluentemente a lingua inglesa, e isso é algo muito proveitoso de uma viagem internacional.
A combinação da saudade de casa, vinhos baratos e músicas tocadas no meu violão às vezes me deixam reflexivo. Isto também aconteceu ontem...

De qualquer forma, vou fingindo ser um menino normal em terras lusitanas. Quem sabe algum dia possa eu conversar sobre a esquerda na América Latina, a conjuntura nacional ou a necessidade de atuação política no meio acadêmico... disso não me esqueço. Não posso, não devo e não quero.

saudações brasileiras.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Ode ao Sol

Tu, que és mais que estrela
Que és mais que eterno
Que garantes a vida sem cobrar por isso.
Teus tons, ah! teus tons, não preciso mais que eles,
(A boniteza dos milhões de cores entre o vermelho,azul e o amarelo)
És mais que luz e eletromagnetismo,
És força, sedução, alegria,
És místico e simbólico.
Busco mais que teus raios, busco energia
A tua dialética ausência fez-me sentir falta,
Quem dera eu possuir uma gota d`água de ti dentro de mim.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Do mirante

Daquele lugar tudo era possível: ver a noite e o dia entrecortados, ver os casarões de onde respingava história, ver o rio que é mais que rio...
Ainda, as árvores mesmo desfolhadas - mais que meras coadjuvantes - eterneciam aquele lugar e lhe davam um quê de paixão e saudosismo.
A cidade lá embaixo, sábia que é de sua beleza, faz questão de criar espectros luminosos quase desconhecidos ao cair da tarde, para confundir e fazer suspirar os seus observadores.
O pequeno barulhar da fonte, o antigo mapa à frente, os detalhes na calçada, tudo parecia conjurar para que as pessoas pudessem ir além dos olhares, ir além das fotos descritivas...
Aquele mirante mostrava mais que a beleza da cidade, buscava o outro lado do Atlântico.

Mais um fim de semana

Acabei de tentar postar notícias sobre mais um fim de semana em Lisboa... deu erro na postagem... Como não consigo repetir com a mesma graça e mesma criatividade, vou ter que resumir:
Sábado:
Lisboa, chuva, tempo fechado, sol emburrado.
Eu, andarilho, passeio, sem guarda-chuva, louco.
Museu da Ciência, praças, mirantes, belo.

Domigo:
Manhã, nublado, triste, cinzento.
Tarde, sol, andarilho, brasileiro, bermuda e havaiana, louco.
Casa de Chris, Marquês de Pombal (fotos virão), andando.


Com a mesma certeza de que somente se conhece um lugar no planeta com alguma confiança em perder-se pelas ruas, com alguma orientação - comigo, mapas e bússola - vou me acostumando a perder-me e encontrar-me pela cidade.
Mais do que isso, preciso buscar nas belezas que encontro força para matar as saudades de casa.

Mais um fim de semana

Pois é... o fim de semana estava comprometido. O Sol, talvez por saber que Lisboa tanto lhe aprecia - ao mesmo tempo em que sabe: a luz direta e forte torna a cidade mais bela -, emburrado, decidiu novamente não aparecer.

Eu - andarilho que sou - não pude olvidar em fazer meus passeios, buscando a luz, os detalhes, pessoas com algum senso de humor, as belezas dessa cidade... curioso é que continuo o mesmo louco: no sábado saí para conhecer um bairro chamado Rato, não levei o guarda-chuva... acabei no Museu de Ciência e num "miradouro", belo, depois que a chuva rendeu-se. Domingo não chovia, mas sair de havaiana e bermuda em Lisboa é coisa de brasileiro. Pois bem, sou brasileiro e não desisto nunca. Fui conhecer a casa de Chris, perto da Marquês de Pombal (depois virão fotos, prometo), andando.

Com a mesma certeza de sempre, que só se conhece algum lugar do planeta com alguma profundidade se tivermos a confiança em se perder pelas ruas, com alguma orientação - no meu caso, mapas e bússola - vou me acostumando a perder-me e encontrar-me em Lisboa.

Mais do que me familiarizar com as ruas, preciso buscar dentro de mim alguma força para, ao encontrar as belezas escondidas nessa terra, possa eu matar um pouco as saudades.

Sou brasileiro, andarilho, de esquerda, e não desisto nunca!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Por hj é só

Não é possível que em um dia eu possa ter mudado tanto de humor. Acho que é culpa da cidade e sua imprevisibilidade climática. Tive um dia, digamos, longo. E olha que não saí de casa. O computador e o quarto fundiram-se no espaço-tempo e deslocaram a idéia de relatividade para o meu colo. Perdi a primeira aula de Resolução Alternativa dos Litígios, que já não vou assistir os dois dias na semana porque deu choque de horário. Tirei umas fotos, fiz poema, escrevi um pouco. Me falta aqui aquele agradável sorriso brasileiro, mesmo sem dentes. Me falta um pouco da música (estou sem meu violão, que ficou na casa de Rui, para exercitar a Antropofagia Cultural).
Me falta você. Para isso, como diria o mestre Chico, palavras são brutas.

Às margens do Rio Tejo, eu sentei e ... não, não!!!


Sem homenagens a Paulo Coelho, por favor né Hugo!!! A foto eu acho que ficou legal. Enjoy it. Todos os direitos reservados e todos e a todas.

A noite

Despido de qualquer asneira febril, decidiu encarar as sombras e buscar em algum fétido boteco a sua razão. Acabou por buscar em vários outros lugares, choupanas, casas de barbear, ourivesarias, delicatessen... Em vão.
Pouco a pouco, as sombras o consumiam como se cada ponto preto fosse, para além da cor, o nada. Antes mesmo de pensar em qualquer atentado, pensou em arranjar algum motivo plausível para definir a noite a seu modo, sombrio, calado, mau-cheiroso. Em vão.
Mormente em dias de sombras, em que as águas que descem são chuva, suor ou lágrimas - mais do que matéria -, a busca inteligível por si mesmo pode ser mais simples do que parece.
Depois de tanto procurar, ele, complexamente, se encontrou consigo no sorriso da primeira foto.

Ao meu pai

22 de fevereiro. Aniversário de 61 anos do meu pai... Curiosamente, os aniversários de meus entes mais queridos são em fevereiro, o de Mainha dia 14 e de painho dia 22, hoje. Nas duas datas já estava em Portugal, motivo pelo qual não pude dar o abraço apertado e dizer "Eu te amo" pessoalmente.
Já tentei ligar duas vezes para casa para falar com meu pai. Tentarei de novo daki a pouco. O fato é que por várias vezes tive - e tenho - uma relação muito conflituosa com meu pai, por várias razões que não cabem num blog. MAS (assim mesmo, maiúsculo), tenho plena certeza do quanto ele me ama e se preocupa comigo, assim como eu também consigo perceber o quão importante e presente ele é na minha vida.

Nos últimos tempos tenho conseguido com mais facilidade dizer "eu te amo" para meu pai. Como já disse quando inaugurei o blog, toda forma de dizer também é uma forma de calar acerca d´outras coisas que poderiam ser ditas mas não foram. Prefiro, com relação a ele, assim como em relação a Mainha e a Wanessa, minha família em sentido estrito (porque aqui cabem muitas e muitas outras pessoas), pecar por excesso.

Se toda forma de dizer é uma forma de calar, pois bem, sei muito bem o que vou dizer, sem me importar com o que vou calar: TE AMO PAI.

O Bairro Alto

Doido é doido no Brasil ou na China. E em Portugal também.
Outro nome não poderia usar para descrever o que fiz e onde fiz. O chamado Bairro Alto é o bairro boêmio de Lisboa, onde há muitas festas e gente de todo lugar. Até aí tudo bem, mais um lugar para conhecer... e é bem perto de outros lugares que já conhecia (baixa-chiado, p. ex.), mas o fato é que dei uma de doido.

Primeiro porque fui sozinho, ou melhor, quase sozinho, pois fiz questão de comprar um vinho barato antes de ir. Segundo porque o lugar é meio sombrio, com ruas estreitas, quase labirínticas, e que transmite uma certa morbidez unida às baladas.
Para os amigos de João Pessoa, poderia descrever assim: pegue a Rua da Areia, diminua a largura e acrescente várias ladeiras (tipo pelourinho), depois coloque pixações nas paredes, muitos estrangeiros falando várias líguas (geralmente inglês) andando empacotados pelo frio, chopp barato, cheiro de mijo, prostitutas, bares pequeninos tocando de tudo (até música brasileira) e muitas drogas. Bata tudo isso no liquidificador acrescentando uma pitada de beleza histórica das janelas das casas empilhadas. Eis o Bairro alto.

Encontrei um cara de Sampa, Rodrigo, que me ajudou a conhecer o lugar e dar uns toques sobre os perigos e sobre as tranquilidades. Ele me pareceu um desses pitboy que só falava em mulher, luta livre, etc. Mas o fato é que me ajudou.

Um certo medo me abateu, logo que acabei o Vinho, tratei de ir-me à Estação de Baixa-chiado e voltar para casa. Descendo as ladeiras de volta, fiquei a procurar na mente recordações de lugares que parecessem com aquilo (o máximo que consegui já descrevi acima). Não encontrei. Talvez em algum filme.

Porque os medos são a negação da coragem, e - dialético que sou - quero chegar na negação da negação, voltarei.

Uma foto e um poema


Por que preto e branco? Por que assim a vejo, ao menos por enquanto.

Por que tantas linhas a cortá-la? Por que o boniteza é bela, mesmo presa.

Por que tantas casas? Porque lá a vida acontece.
Por que o Sol não aparece? Porque ele está dentro de mim.
Estás só? Não, tenho um mundo e uma câmera.


A pedidos meus e de outros

Sei, sei... Mas Hugo, kd as fotos da cidade, do teu quarto, do apto? Bem, ainda estou sem camera por conta de uma problema na minha conta do banco. Só semana que vem. Mas por enquanto, tenho algumas coisinhas para vcs. Dois pequenos vídeos com o meu quarto e residência e algumas fotos bestas. Endereço das fotos: http://www.flickr.com/photos/23884628@N07/


Os vídeos não estão uploadeando.... Tentarei mais tarde.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

MInhas pendências

Estive falando várias coisas aqui sobre a viagem, de forma quase que descritiva. Acho que preciso escrever com mais paixão - ou emoção - sobre algumas questões. Minhas pendências são: meu parceiro de quarto: Kandel, "Do público em Portugal", das impressões sobre os portugueses e a disciplina de Antropologia Jurídica:


1 - Kandel é uma pessoa, digamos, diferente. Está fazendo mestrado em Gestão de florestas, me pareceu que existe uma preocupação com a questão do desenvolvimento sustentável e isso me agradou. Não fala quase nada em Português e estamos nos virando no inglês. Ele é do Nepal, e ficará somente até o fim deste mês, então nosso contato será curto. A diferença cultural é notória, mas ele já me parece mais um desses estudantes que estão perambulando pelo mundo para se qualificar, num processo que acaba por afastá-lo de casa, de sua família e de suas raízes culturais. Apesar de ser do Nepal, ele não é hindu. Pessoa calma, não sai muito. Enfim, a oportunidade de conviver com alguém desse tipo é - como diriam os portugueses - fish!.

2 - Salvem o "público" de Portugal. Tudo aqui é pago. Às vezes as pessoas confundem o "mais barato" com o público. Acho que isso se deve ao processo de abertura - desmonte - do setor público que aconteceu com o neoliberalismo, quase que uma tragédia-anunciada-travestida-de-aperfeiçoamento-dos-serviços. Senti falta de uma crítica, tanto na academia quanto nos corredores, a esse sistema quase público de utilizar dos serviços. Na UNL, onde estudo, eu não pago "propinas", por ser Erasmus, isso significa que um estudante que quiser estudar aqui, mesmo sendo uma instituição estatal, precisa pagar. E muito. Na saúde basicamente a mesma coisa, assinei um pedido à Assembleia que algumas pessoas estavam recolhendo em frente ao Centro de Saúde, a idéia é garantir o que constitucionalmente já existe, impedindo que a universalização acabe. Coisas do mercado, não é? Parece-me que um bom cronista poderia escrever boas peças sobre um indivíduo que se chama Público, sendo esmurrado até a morte em terras lusitanas. Quem sabe...

3 - Depois escrevo sobre a disciplina de Antropologia e sobre as impressões dos portugueses.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Primeiro domingo, primeira aula, primeiro passeio sozinho

Bem, acho que é bom escrever um pouco sobre os primeiros do título:

Nosso primeiro domingo foi deprimente. Não poderia usar outra palavra: chuva, música brasileira lenta, orkut, messenger, e uma saudade danada bateu. Ficamos eu, Renata e Chris na casa de Rui, de onde só saímos no fim da tarde, para visitar o Centro Comercial Colombo, que fica do outro lado de Lisboa (estávamos em Cascais, qualquer coisa leiam os outros posts), e passeamos e comemos um pouco. Mas no fim das contas o que ficou foi a sensação de que se o tempo não mudar, nossas vidas estarão em apuros. E olha que fazia 12 graus...mas ventava muito. Eis o meu primeiro domingo em Lisboa.

2 - Conversei um pouco com o Kandel quando cheguei em casa depois do Colombo e ainda falei com Mainha. A noite tranquila e no outro dia fiz algumas compras que faltavam, sobretudo de limpeza. O mercado Mini-preço é mais barato. Minha primeira aula foi legal: Análise do Discurso Jurídico. Minha cara né? Pois é. O Prof. Antonio de Hespanha me pareceu acessível e estaremos com vários professores durante o semestre. A primeira professora é de Letras (quem diria que teria interdisciplinaridade aqui...), vai dar a parte de introdução à linguística e ao discurso. Hoje fizemos aquelas coisa de priiii, bruuuu, traaa, pra saber que as cordas vocais fazem a gente vibrar, etc,etc,etc. Notei que a turma é unida, pois fazem a maioria o mesmo semestre. Ah, teremos vários módulos com vários professores, até Atienza vai me dar aula. Esperemos pra ver... (preciso postar coisas sobre direito, política e cultura, mas o tempo está difícil)

3 - Por fim mas não menos importante foi meio passeio até Baixa-chiado.Baixa-chiado é uma estação de conexão da linha verde com a linha azul do metro. Subimos umas 6 escadas rolantes até chegar no bairro, que é lindíssimo, fui por volta das 20h, mas com certeza a beleza noturna das praças e prédios históricos me encantou. Afora a questão dos monumentos, alguns enormes, na Praça do Comércio (às margens do Tejo), e a Rua Augusta, que conecta a parte do Rossio à Baixa (nome do bairro). Praça Camões, Praça Filgueira, Praça Dom João V (num sei o numero). Tudo a pé e com muito agasalho. A arquitetura me tocou pelos detalhes e pelas reminiscências de tempos passados. Outra: temos onibus, bondes, metros, e as ruas são muito pequeninas, dando um ar ao menos tempo intimista e moderno. Belo passeio. Para me afirmar brasileiro, tomei um chopp na Augusta, mesmo com o frio e acabei conhecendo o garçom, um dos vários brasileiros que foram para estudar e ficaram. Prometi voltar. E voltarei.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

A viagem e outras cositas mais

Bem, estou em Lisboa. Antes de falar de onde falo agora, preciso falar de onde vim e como vim:

1 - A minha Viagem foi no dia 13/02, às 19:20. Porém para chegar a Recife foi uma longa caminhada, aquela via crucis institucional que falei em posts anteriores. Mesmo com várias coisas pendendes da Academia, tentei sair cedo para não haver problema. Como sempre há, e estes problemas são sempre protagonizados pelo próprio ator principal, eu acabei esquecendo minha identidade em ksa, e tivemos de voltar de Goiana até a entrada da jampa, onde débora e adriano estavam esperando com o doc. Chegando em recife, fomos até o Consulado pegar - finalmente - o visto. Tudo ok. Visto de residência com data até 12/06. Viajamos eu, renata, chris, alessio e daniel (os dois últimos foram para coimbra e braga, respectivamente - por isso só nos vimos até as 10h da manhã).

2 - Chegando no aeroporto, cedo ainda bem, pude contemplar pela primeira vez a sua imensidão, somente ficando diminuída quando cheguei ao aeroporto de lisboa, que é três vezes maior. Viagem tranquila, mas não consegui dormir, acho que por desconforto (tap....) e por expectativa.
Chegamos às 05:20.... tudo escuro e o sol de Lisboa só nasce às 8.... conseguimos ser recebidos por duas ótimas pessoas que estavam a esperar pela Renata, o Rui e a Dina, que estão sendo nossos anjos da guarda por aki.

3 - Renata está com problemas para a estadia, pois a Universidade que ela estudará é privada.... preciso dizer mais? cobrando 475.00 £~... quase o preço da bolsa.... mas acho que se resolve até segunda. Chris está alojada em uma das residências da ENORME Universidade de Lisboa, td ok. Eu consegui resolver minha situação quase toda entre a quinta e a sexta. Fiquei na Residência Alfredo de Sousa, no quarto duplo com uma pessoa do Nepal, o Kandel. Não fala nada em Português. Mas este assunto é digno de um post específico...

4 - Primeiras Impressões: Lisboa é uma cidade muito limpa e organizada. O sistema de metro (não se fala metrô...) é muito bom e temos muitas opções de turismo e lazer... ainda nem começamos, mas já conhecemos o Oceanário, que é um lugar lindo e digno de outra visita e muitas fotos. Lá estamos de fato dentro de uma grande aquário, em que fazemos um passeio contemplando de tudo um pouco: tubarões, arraias, peixes ósseos, pinguins, medusas, algas, etc, etc. tudo muito perto e muito lindo. tive a impressão de estar dentro do mar, e sua imensidão azul. Me senti pequeno. Outros pontos turisticos são mais relacionados com compras, centros comerciais, etc. Porém não dá para deixar de falar no local onde foi a Expo 98. É lindo e cheio de atrações, de casas shows, parques, teleférico, monumentos, enfim, tudo muito bonito e organizado. Está frio: entre 5 e 14 graus (isso significa que a cerveja não esquenta... :) - lado bom de vários incovenientes).

5 - Estou na ksa de Rui que fica em Cascais, como se fosse um distrito de Lisboa, local com muitos brasileiros (ainda não os vi, mas é o que dizem). Na vinda para cá, peguei o meu primeiro comboio (trem urbano, muito confortável) e pude contemplar a melhor paisagem de Lisboa até agora, passei pelas margens do Tejo, Oceano, também na Torre de Belém (parte histórica, muito bonito) até chegar a estação sao pedro, local que tem praia também. Agua muito fria e paisagem bonita.


Por hjs é só.

Ainda o dia 09

Bem, o que o falar sobre o dia 09... foi o meu dia de despedida com o Lual, onde várias pessoas importantes da minha vida apareceram...opnde pude reencontrar com outros e sobretudo, brindar e receber os bons fluidos para a minha jornada...

Ainda no dia 09, completei três anos de namoro, com a pessoa mais linda e compreensiva do mundo, que me ajudou pra caramba na viagem, mesmo sabendo que esteria ajudando a ficar mais longe da pessoa que tanto ama. Essa pequena grande pessoa, Amanda, é responsável por muito do que sou hoje e do que quero ser..

a esta pessoa, sei que devo muito mais do que palavras em um blog...muito mais do que retórica ou poesia feita de última hora... devo - de alguma forma - a minha própria forma de ser, meu comportamento, meu jeito de ser no mundo. Como acredito que estamos sendo- e portanto, não somos, ontologicamente falando - ela é responsável pelo que estou sendo hj, este ser que agora escreve em Lisboa.


Te amo meu amor, que mais potencias de 3 venha pela frente, ad infinitum!!!!

domingo, 10 de fevereiro de 2008

O dia 09

Tou passando aki só pra dizer que precisarei de um tempo pra regularizar as coisas e escrever o que eu quero sobre o dia 09...

Três anos de namoro...

te amo amanda.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Últimos preparativos...

Está chegando a hora... nunca passei por uma situação em que - paradoxalmente e ao mesmo tempo - tantos sentimentos e expectativas me passassem pela cabeça.
Hoje consegui pegar finalmente minha carta de aceitação que estava "pronta" desde dezembro... se fosse pra conceituar o que aconteceu até que essa carta chegasse, de uma forma figurada, diria que passei por uma via-crucis institucional.
Tenho milhões de coisas pra fazer, depois mais posts sobre cultura e política, coisas que ainda não falei no blog, que é - e sempre será - um local de desabafo...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Trabalho de Direito Econômico e outros inconvenientes

Ainda estou na pendência de várias questões na Academia antes de viajar pra Portugal. O curioso é que parece que o tempo passa mais rápido e a minha coluna responde de forma diretamente proporcional - com dor - à minha expectativa, medo e outras cositas mais antes de chegar em terras lusitanas.
Tenho um trabalho, uma prova, uma aula (confirmados até semana que vem) e outros compromissos acadêmicos, durante a viagem em si... o trabalho de econômico é interessante: sobre os princípios da atividade econômica, quase que um retrato das opções do legislador constitucional sobre nosso sistema político e econômico: capitalismo. Uma questão que achei interessante e que já tinha lido em Lyra Filho é que fala sobre a dialética entre a infra-estrutura econômica e a superestrutra jurídica... assunto manjado? Talvez. Mas nunca foi tão atual e importante buscar uma relação dialética entre o modo de produção capitalista e a forma como o Direito serve para, por um lado, justificar e proteger a ordem econômica vigente, e de outro (e isso é que me agrada pois me faz perceber que o Direito pode ser instrumento de luta transformadora, sem que nos leve à ilusão quase iluminista de que o Direito resolverá tudo) influenciar a infra-estrutura econômica (sobretudo a partir da definição do papel do Estado).
Em Lyra Filho isso é, digamos, esperado. Mas achei essa mesma remissão - muito bonita por sinal - no livro de José Afonso (Comentário contextual à constituição), e isso me deixou ainda mais satisfeito. Ele chamava isso de positivismo dialético. Interessante.

Para começar com essa história de blogs

Nunca fui um bom poeta, nem bom filósofo, nem jurista, nem turista... enfim, acho que fiz um pouco de tudo e - como toda forma de dizer é também uma forma de silenciar - acho que fiz também um muito de nada.
Esse blog deveria se chamar de válvula de escape. Não será mais que isso. Espero que também não seja menos. Diante da viagem que irei fazer nos próximos dias para além-mar, acho que será uma forma interessante de viajar, pela filosofia, sociologia, política (sou de esquerda, desista se quer escutar um conservador), direito, literatura, poesias, enfim. Será um dos espaços para extravasar esse misto de sentimentos que não sei direito onde vai levar. Talvez para as mais profundas discussões, talvez para as mais singelas palavras de amor para quem "deixo" aqui em João Pessoa.

Tratarei deste blog como um amigo, e assim sendo, será depósito de diversas formas de ver o mundo. Até porque pretendo ver o mundo mesmo - ao menos ver o lugar que se reivindicou " mundo" há tanto tempo. Várias formas de viajar.