quinta-feira, 3 de abril de 2008

A esquerda e o Direito

Deparou-se naquela nova sala, com novos alunos, com novos professores, com novas temáticas.
Vi-se sozinho, mais uma vez, sem perceber direito o que o Direito faz de direito para lhe merecer. Chateou-se. Tateou um pouco entre os parcos livros da biblioteca que pensam um direito para além do Direito.
Nostalgicamente percebeu que ali, assim como em sua Faculdade, não havia distinções entre Direita e Esquerda, não havia debate político-ideológico... o direito era mais do que papel e letrinhas e menos do que libertação.
Sentado na cadeira que rangia o mesmo som desagradável de tempos primevos, buscou consolo na pasta vermelha dos tempos de movimento... nada havia de material dentro dela, agora, que representasse a Esquerda. Mas sua cor vermelha e todos os papéis de reuniões apareceram de alguma maneira na sua frente. Nada de inocência - ela sabia que não havia neutralidade na sua aparição - continue a luta, companheiro, precisamos de ti!
Um grande amigo lhe veio a mente no mesmo momento, lembrando que é preciso conhecer o Direito para criticá-lo. Assim como é preciso conhecer o mundo, vivenciá-lo, para poder buscar respostas (dialéticas é claro) para sua transformação. Lembrou-se também de um texto que havia escrito sobre o que é ser de Esquerda e lhe veio novamente à mente a cor vermelha e a palavra radical.
Ser de esquerda é ser radical, repetia ele consigo. Radical que vem de radix, raiz. Ir até as raízes dos problemas.

Parece-me que nos dias de hoje o Direito é cada vez mais superfície, e eu cada vez mais raiz. Sou de esquerda e faço Direito, e daí?

Um comentário:

Beto Efrem disse...

Você é um radical, companheiro. No ponto mais oriental das Américas ou próximo ao Tejo. Você é um radical.